Experiência crowdfunding da biblioHistória

05
Apr
2013

Pedro Almeida Vieira, escritor e promotor do projecto "biblioHistória", partilha a sua experiência com a campanha de crowdfunding, incluindo os factores de sucesso e as dificuldades.

Uma velha ideia recorrendo às novas tecnologias, ou ainda uma inovadora solução para resolver ancestrais problemas – assim se pode caracterizar o Crowdfunding, um método eficaz para desenvolver projectos pessoais com o apoio solidário.

Pessoalmente, nunca tinha aproveitado este sistema. Conhecia-o de algumas experiências no estrangeiro, com bastante sucesso, sabia existir em Portugal, mas nunca tinha pensado em recorrer a esta solução quando comecei a desenvolver, desde há mais de dois anos, uma base de dados sobre literatura portuguesa do género histórico – a biblioHistória. Tinha até então um pequeno apoio de um grupo editorial (Porto Editora), que cobria alguns custos de funcionamento, mas com a suspensão repentina deste financiamento vi-me confrontado com um dilema: ou encerrava o site (deitando por terra um manancial de trabalho enorme) ou tentava obter pequenos apoios financeiros das pessoas para quem, em primeira e última instância, a base de dados servia.

Através de alguma pesquisa e de conselhos de amigos, cheguei então ao PPL - Crowdfunding Portugal, que me pareceu, desde logo, uma iniciativa séria, quer pelas pessoas envolvidas quer pelos critérios exigidos. Os passos necessários até à aprovação da candidatura, por fases, embora me tenha dado algum trabalho, também aumentou, na minha perspectiva, a garantia de ser um sistema sério. Isto porque o meu pedido de financiamento solidário estaria já devidamente avalizado, o que aumentaria a probabilidade de sucesso.

E ele veio, de facto, com resultados rápidos, permitindo não só angariar a verba necessária para manter e desenvolver a biblioHistória, como também me serviu para avaliar a qualidade (pelo feedback obtido) do trabalho que vinha desenvolvendo.

Um dos aspectos essenciais para o sucesso desta experiência, adveio obviamente da qualidade do projecto, mas também da divulgação junto dos amigos e conhecidos. Nesse aspecto, as redes sociais (designadamente o Facebook) foram fundamentais, bem como as recompensas por mim oferecidas, tendo sido para mim bastante gratificante constatar que muitos dos apoios surgiram de pessoas que nem sequer conhecia pessoalmente.

Existiu, porém, alguns problemas que, não sendo «culpa» do PPL - Crowdfunding Portugal, acabam por dificultar os apoios. Sendo um sistema novo, ainda não muito «familiarizado» para grande parte dos portugueses, os procedimentos a efectuar para a concretização do apoio (através de transferências bancárias ou pagamento por multibanco) mostraram-se por vezes «complexos» (no sentido de serem estranhos), situação que pode levar a que algumas pessoas desistam de apoiar. No meu caso pessoal tentei contornar essas dificuldades auxiliando os potenciais doadores com os necessários esclarecimentos, e encontrando, com os responsáveis do PPL - Crowdfunding Portugal, soluções para canalizar apoios obtidos por vias alternativas.

Em suma, se hoje a biblioHistória ainda existe e o seu potencial de continuidade está no auge, muito se deve ao PPL - Crowdfunding Portugal. E sobretudo às pessoas que acreditam em projectos e que os apoiam, mesmo com pequenas verbas, para a sua concretização. Afinal, um rio faz-se de pequenas gotas.

Pedro Almeida Vieira, gestor da biblioHistória
www.pedroalmeidavieira.com/bibliohistoria