Glamping na Figueirinha Ecoturismo

30
Sep
2013

Alexandre Coutinho, promotor do projecto Glamping na Figueirinha Ecoturismo, partilha o seu artigo sobre o tema, descrevendo-nos a casa da Figueirinha e o turismo ético e auto-sustentável.

Figueirinha Ecoturismo quer ser auto-sustentável

A caminho de assegurar a sua auto-sustentabilidade, a Figueirinha Ecoturismo investe em energias limpas e no glamping. Aqui, o ecoturismo não é uma palavra vã ou uma mera expressão que está na moda. Pratica-se a cada dia, em todas as nossas actividades.

Alexandre Coutinho

A Figueirinha Ecoturismo é um verdadeiro oásis em pleno coração da costa alentejana. A casa centenária instalada num vale onde antes fervilhava a vida dos habitantes e trabalhadores da Herdade da Figueirinha dos Condados, funciona hoje como um espaço onde ressurgem vivências estreitas e em que o espírito de hospitalidade e de trato afável são fundamentais para o bem-estar de quem procura um regresso às origens, à simplicidade do dia-a-dia. Em área de 1,975 hectares abrigada entre São Luís e Relíquias, a 27 quilómetros da costa e de Vila Nova de Milfontes, há espaço para retiros retemperadores, para convívios gastronómicos com base na cozinha mediterrânica e incursões turísticas nas mais belas e selvagens praias da Costa Vicentina.

A Figueirinha Ecoturismo é um local de estadia em espaço rural em parcela de terreno inserida na Reserva Ecológica Nacional e Rede Natura 2000. Neste lugar em que a ligação à natureza é plena, tudo é possível. No aconchego de relações humanas simples apoiam-se quase todas as vontades, quase todas as necessidades. De uma terra que entra no Alentejo mais rural o conforto não foi esquecido nos quartos da Ribeira, Serra e Forno, apoiado nos painéis solares que garantem uma quase completa auto-suficiência energética e numa piscina biológica que assegura momentos de puro relaxamento. Numa piscina biológica, a oxigenação da água é assegurada por 23 espécies diferentes de plantas aquáticas e nas margens, criando um habitat perfeito para pequenas rãs, tritões e cágados. Dois terços da piscina estão reservados às plantas e um terço aos banhistas.

Slow Food e produtos da região

À nossa mesa, servimos sempre que possível, produtos de origem biológica da nossa própria horta (legumes); frutos do nosso pomar ou colhidos na zona; temperos, doces e licores caseiros (produzidos com os excedentes dos frutos); e o azeite do nosso olival (processado no vizinho lagar de Colos). O pão é amassado e cozido em forno de lenha nas aldeias vizinhas; tal como o queijo de ovelha e de cabra; o mel é adquirido a um apicultor local ou de Odemira; a carne de porco preto, borrego e vaca também tem origem na região; e o peixe é proveniente das comunidades de pesca artesanal de Sines, Vila Nova de Milfontes e Zambujeira do Mar.

Praticamos a filosofia do Slow Food, um movimento ecogastronómico criado para responder aos efeitos negativos do “fast food”, contrariar o desaparecimento das tradições culinárias regionais e inverter o crescente desinteresse das pessoas pela sua alimentação. O Slow Food defende os alimentos bons, limpos e justos, preservando a biodiversidade, a educação do gosto e a cultura gastronómica. Organizado em convivia, o movimento conta hoje com mais de 100 mil membros, em 150 países, nomeadamente, em Portugal.

Comércio Justo e Turismo Ético

Na Figueirinha Ecoturismo consomem-se produtos do Comércio Justo, nomeadamente, o açúcar de cana mascavado de agricultura biológica, 100% não cristalizado, também conhecido por “açúcar panela”. Este açúcar mantém uma alta percentagem de nutrientes, vitaminas e minerais, já que o seu processo de elaboração é absolutamente natural. A cana de açúcar é cultivada pela Associação Cumbres de Ingapi, situada na Província de Pichincha (Pacto), no Equador. Por sua vez, o café é proveniente de Cuba, onde é produzido pela ANAP (Associação Nacional de Pequenos Agricultores) e elaborado com grãos seleccionados das melhores plantações de café da Sierra Maestra (100% arábica moído e torrado).

O Comércio Justo é um movimento social, criado com o objectivo de transformar os actuais modelos de relações económicas, propondo circuitos alternativos de comercialização de bens e serviços. O Comércio Justo é um modelo de desenvolvimento baseado na economia solidária, que valoriza as pessoas, o trabalho colectivo, a equidade e a cooperação, face à competição e à concentração de riqueza nas empresas transnacionais; defende a transformação dos produtos localmente, valorizando o papel dos produtores locais, que não são vistos como meros fornecedores de matérias-primas; e a soberania alimentar, no Sul e no Norte, que consiste no direito dos povos decidirem de que forma e que alimentos querem produzir. O Comércio Justo favorece os mercados internos e locais, através do fortalecimento dos circuitos curtos, sem intermediários; uma relação directa e transparente entre quem produz e quem consome; os processos tradicionais; e a agricultura biológica. Por outro lado, procura trabalhar com produtores que funcionam de forma colectiva, comprometidos com a realidade social, política e ambiental do seu território.

O movimento por um Turismo ético, responsável e solidário tem origem na Europa com base nos princípios do Comércio Justo. É o ponto de partida para o desenvolvimento sustentável do sector. Através do cumprimento de princípios e critérios éticos o objectivo é conseguir condições para o financiamento de projectos de desenvolvimento sustentável, formação e infra-estruturas, para além de parcerias em experiências de trabalho concretas.

Tenda Glampp

Por tudo isto, a Figueirinha Ecoturismo foi escolhida como localização para a implementação do projecto piloto do Glampp Ecosystem 40, um módulo de Glamping de 40 m2, autosuficiente em termos energéticos através da geração de energia solar, e utiliza conceitos da permacultura para o tratamento de resíduos sólidos. O módulo Glampp oferece também a possibilidade de monitorizar todos os sub-sistemas técnicos da tenda tais como o nível de armazenamento de energia solar, nível de tanques e de outros sensores ou sistemas específicos requeridos (ex: controlo do acesso aos sub-sistemas técnicos por RFID). O envio de relatórios de consumo ou alarmes por e-mail ou acesso aos dados técnicos na Cloud é também possível, tornando o Glampp um produto adequado ao eco-turismo auto-suficiente. A tenda Glampp utiliza materiais sustentáveis, tais como madeira local ou certificada pela FSC e materiais recicláveis.