A Casa dos Afectos orgulha-se de se mostrar perante o público revigorada, com um espectáculo inédito, irreverente, e audaz, «A Menina, o Martelo e o Caramelo – Delírio Poético em Seis Andamentos e um Devaneio.
Um homem conservador e prepotente, sua sobrinha hipersexualizada, um escritor revolucionário, uma mulher maculada, e o espírito da poesia - são estas as personagens que compõem a trama d’ A Menina, o Martelo e o Caramelo – Delírio Poético em Seis Andamentos e um Devaneio, escrita por João Nuno Esteves. Com temas que vão desde a democracia à utopia, da poesia ao desejo, do sexo à morte, esta é uma peça que nos transporta para o coração do significado das palavras, a simbologia das coisas, e o que significa ser-se quem se é, em tons de sépia, e a vermelho às vezes.
A cultura, entendida na sua plenitude, é o alicerce fundamental da coesão e da identidade sociais. A reflexão sobre o fenómeno cultural deve ser o primeiro passo a tomar, na contemporaneidade, pela arte, enquanto componente fulcral dessa mesma cultura, que se pretenda de intervenção.
O termo reflexão identifica de forma contundente aquele que deve ser o papel das linguagens artísticas, e, nomeadamente, do teatro, nos tempos que são os nossos. Não se trata de apresentar conclusões nem tão pouco soluções ou alternativas para os problemas estéticos, éticos e políticos de que padecem as nossas sociedades, mas sim de propor ao espectador uma cogitação conjunta a partir de um determinado ponto de vista que é o do artista ou dos artistas.
Sabemos à partida que o processo cultural é um processo dinâmico e que apesar de ser elemento constitutivo da sociedade, por isso mesmo múltiplo e não único, se estrutura através inúmeras heranças, identidades e formas de acção, materiais e imateriais.
Vai neste sentido a proposta cénica da Casa dos Afectos Associação de Intervenção Cultural, ao apresentar a obra A Menina, o Martelo e o Caramelo – Delírio Poético em Seis Andamentos e um Devaneio (texto original de João Nuno Esteves) como ponto de partida para uma nova fase do seu trabalho artístico.
Interessa-nos, acima de tudo, pensar os alicerces éticos, políticos da sociedade que habitamos e de que somos, ao mesmo tempo, co-construtores, utilizadores e benificiários. E queremos fazê-lo através de linguagens que sejam elas próprias portadoras da inquietação necessária à criação de uma distância crítica para com o real. Não se trata de propor linguagens originais mas tão somente de construir uma voz própria e o espaço respectivo onde ela possa ser ouvida.
Propomos, deste modo, um espectáculo divertido, onde cada uma das figuras cénicas se assume como uma alegoria iconoclasta do quotidiano enquanto expressão de teatralidade, tomada enquanto modo de partilha de um ponto de vista sobre o nosso universo ilimitado.
Este é o nosso mundo e estes somos nós.