Três autoras e amigas juntaram os seus conhecimentos e experiências num projeto que consiste numa compilação de textos escritos pela Ana Saldanha e ilustrados pela Irene Sá e pela Raquel Pedro (com prefácio de Miguel Urbano Rodrigues).
“A excitação da partida; a apreensão da chegada”: assim se inicia a obra a seis mãos de SENTIR GEOGRAFIAS: Breves relatos do espaço amazónico e caribenho.
Em setembro de 2009, a Ana viaja para a Guiana Francesa, pela primeira vez, e, à chegada, inicia um diário que viria a funcionar como um conjunto de crónicas, algumas publicadas em diversas páginas eletrónicas.
O projeto intitulado Sentir Geografias consiste numa compilação de relatos de viagens e de vivências da Ana, na América do Sul, depois interpretados pelos trabalhos de ilustração da Irene e da Raquel.
As três amigas e autoras cruzaram-se no final do milénio, em período de intensas lutas estudantis, na cidade de Lisboa. Apesar de as vidas as terem separado, nunca as três amigas e autoras perderam o contato e, embora afastadas pela geografia, encontram-se unidas por causas e ideias comuns.
Numa das viagens da Ana a Lisboa, surgiu, em conversa com a Raquel, o desafio de ilustrar estas crónicas, à medida que estas iam sendo divulgadas entre os amigos. Mais tarde, foi colocado o desafio à Irene de contribuir com o seu olhar de designer, que aceitou criar o grafismo da obra e enriquecer o trabalho de ilustração.
Este projeto representa um trajeto de três anos de partilha. Embora as ilustrações reflitam uma interpretação, pressupondo sempre uma visão distanciada dos fatos, procuraram uma aproximação possível a lugares nunca visitados nem pela Irene, nem pela Raquel.
As colagens permitiram uma total liberdade e funcionaram como um estímulo à imaginação. Estas surgiram de um processo de recolha de material por parte da Raquel (como recolectora) de experiências vividas em simultâneo, mas do lado de cá. Este processo criativo construiu-se através da partilha de dois tipos de diário: no caso da Ana, o escrito; no caso da Raquel, o gráfico. As ilustrações da Irene viriam a funcionar como colagens digitais, aproximando-se da mesma forma de representação, ainda que utilizando outros meios.
Poderá parecer estranho ao leitor que o último texto desta obra date de 2015. Isto ficou a dever-se a diversos desencontros, muitos deles condicionados pela geografia, assim como à construção do próprio processo criativo, que exigiu debates, encontros, conversas. Depois de encontros e desencontros, finalmente conseguimos dar por concluído este projeto criativo.